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A colombianização da violência política no Brasil?

Por: Lida Tascón*

Faz dias saiu um artigo no jornal Folha de São Paulo acerca do assassinato da vereadora do PSOL-RJ Marielle Franco, no que dizia que este tipo de assassinatos políticos em série indica uma ¨colombianização¨ do Brasil. Refere-se a como a combinação da corrupção de forças militares e policiais e a presença de grupos armados e de organizações unidas ao narcotráfico levou a Colômbia a dezenas de assassinatos políticos. Entre eles o Ministro de Justiça Rodrigo Lara Bonilla (1946-1984) e o candidato presidencial Luis Carlos Galán (1943-1989).

É uma pena que o nome da Colômbia utilize-se de forma adjetivada para se referir a situações ou fatos violentos, porque como colombiana estou completamente segura que nosso país está para além disso. No entanto, como historiadora com tristeza devo dizer que a violência política de nosso país à que alude o artigo é em realidade de maiores dimensões. Basta lembrar o genocídio da União Patriótica (UP), partido político de esquerda fundado em 1984 como resultado dos primeiros acordos entre o governo de Belisario Betancur e as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC). Nele convergiam guerrilheiros das FARC que queriam entrar à vida política, dirigentes e militantes do partido comunista, organizações sociais, líderes sindicais, entre outros.

Num ambiente de extrema intolerância política entre 1984 e o 2003 a UP foi vítima de um verdadeiro extermínio já que de maneira sistémica foram assassinados: 2 candidatos presidenciais (Jaime Pardo Leal e Bernardo Jaramillo Ossa), 8 congressistas, 13 deputados, 70 vereadores, 11 prefeitos e ao redor de 5000 militantes. Em 2014 a Fiscalía Geral da Nação declarou como delitos de lesa humanidade os crimes contra a UP e deixou ao descoberto a aliança criminosa entre de sectores políticos tradicionais, membros das forças de segurança do Estado, narcotraficantes e paramilitares para acabar com a rápida ascensão deste partido político de esquerda.

Recentemente o reconhecido jurista e acadêmico Rodrigo Uprimy tem feito um chamado às diferentes forças ou sectores políticos do país para recusar de maneira enfática os assassinatos dos líderes sociais e defensores de direitos humanos, pois à data, segundo Indepaz, vão 205 assassinados desde que começou a implementação dos acordos de paz entre o governo e as FARC.

Segundo Uprimy citando o trabalho de Fergusson, Querubín, Ruiz e Vargas (A verdadeira maldição do ganhador) da Universidade dos Andes, existe um padrão antidemocrático que faz que quando há aberturas democráticas no país se incremente a violência contra líderes sociais e políticos como passou com a UP. Na Colômbia não podemos seguir repetindo uma história em onde a violência não se separa da política ou em onde as diferenças ideológicas no meio de discursos de ódio e de medo significam a pena de morte para muitos e muitas.

As manifestações que se realizaram em Brasil em rejeição pela morte de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, são um exemplo para Colômbia de mobilização cidadã contra a indiferença ao assassinato de seus líderes sociais e políticos. É um chamado à construção de sociedades mais inclusivas em onde denunciar as injustiças, a discriminação e a violência contra a população negra, pobre, camponesa, indígena, homossexual, imigrante, refugiada, etc., não significa ser bandido ou terrorista – como falam alguns-, senão um legítimo exercício da democracia. Do contrário, talvez a frase que circula nas redes sociais tenha algo de verdadeiro: Colômbia está preocupada por parecer-se a Venezuela, mas Brasil está assustado de voltar-se como Colômbia.

*O artigo representa a opinião pessoal da autora.

¿La colombianización de la violencia política en Brasil ?

Por: Lida  Tascón*

Hace días salió un artículo en Folha de São Paulo a raíz del repudiable asesinato de la líder social Marielle Franco, en el que decía que este tipo de asesinatos políticos en serie indican una ¨colombianización¨ en Brasil. Se refiere a cómo la combinación de la corrupción de fuerzas militares y policiales y la presencia de grupos armados y de organizaciones ligadas al narcotráfico llevó a Colombia a decenas de asesinatos políticos. Entre ellos cita al Ministro de Justicia Rodrigo Lara Bonilla (1946-1984) y al candidato presidencial Luis Carlos Galán (1943-1989).

Es una pena que el nombre de Colombia se utilice de forma adjetivada para referirse a situaciones o hechos violentos, porque como colombiana estoy completamente segura que nuestro país es más que eso. Sin embargo, como historiadora con tristeza debo decir que la violencia política de nuestro país a la que alude el artículo es en realidad de mayores proporciones. Es sólo recordar el genocidio de la Unión Patriótica (UP),  partido político de izquierda  fundado en 1984 como resultado de los primeros acuerdos entre el gobierno de Belisario Betancur y las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC). En él convergían guerrilleros de las FARC que querían entrar a la vida política, dirigentes y militantes del Partido Comunista, organizaciones sociales, dirigentes sindicales, entre otros.

En un ambiente de extrema intolerancia política entre 1984 y el 2003 la UP fue víctima de un verdadero exterminio ya que de manera sistemática fueron asesinados: 2 candidatos presidenciales (Jaime Pardo Leal y Bernardo Jaramillo Ossa), 8 congresistas, 13 diputados, 70 concejales, 11 alcaldes y alrededor de 5000 militantes. En el 2014 la Fiscalía General de la Nación declaró como delitos de lesa humanidad los crímenes contra la UP  y dejó al descubierto la alianza criminal entre de sectores políticos tradicionales, miembros de las fuerzas de seguridad del Estado, narcotraficantes y paramilitares para acabar el rápido ascenso de este partido político de izquierda.

Recientemente el reconocido jurista y académico Rodrigo Uprimy ha hecho un llamado a las distintas fuerzas o sectores políticos del país para rechazar de manera enfática los asesinatos de los líderes sociales y defensores de derechos humanos, pues a la fecha, según Indepaz, van 205 asesinados desde que comenzó la implementación de los acuerdos de paz entre el Gobierno y las Farc. Según Uprimy citando el trabajo de Fergusson, Querubín, Ruiz y Vargas (La verdadera maldición del ganador) de la Universidad de los Andes, existe un patrón antidemocrático que hace que cuando hay aperturas democráticas en el país se incremente la violencia contra líderes sociales y políticos como pasó con la UP.

En Colombia no podemos seguir repitiendo una historia en donde la violencia no se separa de la política o en dónde las diferencias ideológicas en medio de discursos de odio y de miedo significan la pena de muerte para muchos y muchas. Las multitudinarias marchas que se han realizado en Brasil en rechazo por la muerte de  Marielle Franco y su chófer Anderson Pedro, son un ejemplo para Colombia de movilización ciudadana contra la indiferencia al asesinato de sus líderes sociales y políticos. Es un llamado a la construcción de sociedades más incluyentes y equitativas en donde denunciar las injusticias, la discriminación y la violencia contra la población negra, pobre, campesina, indígena, homosexual, inmigrante, refugiada, etc. no signifique ser bandido o terrorista -como lo señalan algunos-, sino un sano ejercicio de la democracia. De lo contrario, tal vez la frase que está circulando en las redes sociales tenga algo de cierto: Colombia está preocupada por parecerse a Venezuela pero Brasil está asustada de volverse como Colombia.

* El artículo representa la opinión personal de la autora.

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